O presidente da Federação de Patinagem de Portugal, Fernando Elias Claro, reconheceu que o momento do hóquei nacional não é o melhor, mostrando-se preocupado com o facto. Falou do calendário das equipas, das transmissões televisivas e da polémica surgida à volta da escolha do novo seleccionador. No entanto, deixou uma mensagem de esperança para a modalidade e não teve problemas em considerar a Assembleia Geral de Abril, em que irá ser discutido e aprovado o novo quadro competitivo, como uma verdadeira revolução no hóquei em patins.
— Como é que analisa o momento actual do hóquei em patins?
— Com grande preocupação. Os clubes lutam com grandes dificuldades económicas resultantes da situação que o país e a modalidade atravessam, mas há que dar um sinal de esperança e a federação está a atenta a isso de moda a minorar os encargos dos clubes.
— E como poderá ser isso feito?
— Em matéria de taxas de inscrição e de organização é nossa intenção levar à assembleia geral propostas para aliviar os clubes.
— Mas vai haver cortes nessas áreas?
— Queremos diminiur o montante que os clubes pagam, mas as viagens dos clubes às ilhas, suportadas por nós e sobre as quais já fiz referência ao presidente do IDP, tornam a nossa modalidade muito cara. Temos meses de pagar 90 mil euros mensais nos vários escalões. A Madeira e os Açores fazem parte de Portugal e têm todo o direito de praticar desporto, mas não se compreende como é que se pagam taxas de aeroporto, por pessoa, de 79,5 euros. É um descalabro. Estamos a gastar entre 500 a 600 mil euros por ano com essas deslocações e para uma federação que só recebe 850 mil euros para gerir toda a instituição. Tem de se «sobrecarregar» para fazer face às despesas.
— É justo serem os clubes a pagar essa factura?
— Por isso é que vamos analisar a situação, para além da remodelação dos quadros competitivos que, sem perder a eficácia e a competitividade do hóquei, vai permitir-nos gastar menos dinheiro. Por exemplo, haver só 12 clubes na I Divisão, num campeonato a duas voltas e com um playoff final entre os oito primeiros classificados. Se for aprovado na Assembleia Geral de Abril, haverá a época de transição em2006/2007. Esta reunião magna vai ser uma remodelação do artigo primeiro e seguintes, como se costuma dizer. Aliás, não é uma remodelação e sim uma revolução.
— Acha que os clubes estão interessados nessa mudança dos quadros competitivos?
— Claro, pois a modalidade não perde eficácia e o calendário actual está sobrecarregado. Os clubes que participem na Liga dos Campeões têm de acertar as jornadas à quarta-feira, o que é pesado para essas equipas, sem esquecer a Taça de Portugal e a segunda fase do campeonato, que não se justifica.
— A reformulação do calendário também vai evitar que os portugueses desistam das competições europeias, como acontece este ano com cinco clubes.
— Isso foi muito mau para hóquei e para o nosso País em termos de representatividade. Mas é preciso que cada um assuma as responsabilidade: apesar de termos no orçamento da FPP uma verba específica para ajudar os clubes nas suas deslocações ao estrangeiro, a verdade é que o Governo, há três anos, não tem dado apoio.
— Aponta algumas falhas ao poder político, no plano do apoio financeiro. A FPP não consegue gerar mais receitas para fazer face a essas e outras áreas?
—Olhe, começamos logo pelas transmissões televisivas. Não compreendo qual o serviço público que a RTP faz, pois está a tentar fazer um saneamento financeiro à custa do desporto. Desde há dois anos que cobra 5500 euros pela produção de cada transmissão televisiva. Quem é que consegue suportar uma verba dessas? Não temos capacidade para angariar patrocinadores que possam minorar esses custos.
— Então e o patrocínio do BPN e da Real Seguros?
— São só patrocinadores das selecções. Além disso, esse apoio são 80 mil euros anuais e há dois anos transmitiram-se 48 jogos o que daria 240 mil euros em custos de produção.
— Entregar o poder negocial das transmissões aos próprios clubes não pode ser visto como um acto de desespero da FPP?
— Tentámos tudo por tudo para suportar os custos das transmissões, mas fomos impotentes. Temos de reconhecer que, nesse capítulo, falhámos. Já assinámos protocolos com o FC Porto e o HC Braga para serem eles a negociar as transmissões e angariar patrocinadores, mas espero em pouco tempo ter uma reunião com o Benfica para o mesmo efeito.
— A BOLA já teve acesso a esse protocolo e nele a FPP coloca a condição de os clubes terem painéis publicitários dos patrocinadores da federação...
—Não é nada imposto. Se pudermos ter, melhor. Mas não é uma obrigatoriedade, nem uma condição para inviabilizar a assinatura do protocolo. Desses painéis, aquele do qual realmente não abdicamos é o que ostenta o símbolo da FPP
Fonte:Jornal ABola
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