quarta-feira, julho 27, 2005

Entrevista a José Querido


A poucos dias de viajar para os EUA para a realização do Mundial de hóquei em patins, o barcelense e seleccionador nacional, José Querido, aproveitando a sua estadia em Barcelos, concedeu ao jornal a Voz do Minho uma entrevista onde fala abertamente dos seus projectos, quer na selecção, quer no seu clube espanhol, o Vilanova, e claro a sua visão à distancia do Óquei de Barcelos.

Selecção nacional

VM – Como tem decorrido o estágio de preparação para o Mundial da selecção portuguesa? Confiante para renovar o título mundial?
JQ – Portugal entra sempre para ganhar e é sempre um candidato ao título. Somos os actuais campeões do mundo. e vamos com o objectivo de renovar o troféu. Logicamente que estas duas primeiras emanas de trabalho, efectuamos basicamente o físico e agora vamos neste doze dias que faltam vamos trabalhar o aspecto táctico, afinar a maquinas por as peças a carburar para fazermos um grande mundial. Foi um estágio difícil, porque nesta altura os jogadores estão cansados após uma temporada com cerca de cinquenta jogos nas pernas. Tentamos criar uma motivação para que os jogadores não relaxem. É importante e penso que estou a conseguir ter um grupo consistente e homogéneo para darmos o melhor por Portugal nos quarenta minutos de cada jogo.

VM – É uma aposta pessoal este mundial na sua curta carreira como seleccionador? Sente o peso do trabalho feito pelo Vítor Hugo no último mundial?
JQ – Quando assumiu o cargo de seleccionador é porque aceite o projecto de quatro anos que para o qual me convidaram. É tudo novo. Quem me conhece sabe que sou um treinador com muita ambição Tivemos uma geração de ouro nos últimos doze anos que ganharam tudo. Por isso essa geração acabou e é com estes que agora vamos procurar dar continuidade na perspectiva de os títulos continuarem a morar em Portugal. Há que procurar um novo grupo e uma nova geração para o futuro

VM – As escolhas dos jogadores para o mundial provocaram algumas reacções menos positivas. Como responde a afirmações feita por parte do Benfica e do Porto? Que critério utilizou?
JQ – Escolhi num critério de salvaguardar dois atletas para cada lugar. Tenho cinco jogadores que estiveram no mundial anterior, mas não foi com essa intenção, foi mera casualidade. A experiência ajuda a criar uma nova carga de jogadores como são os outros cinco. Assim é um grupo equilibrado. Em relação a certos comentários, apenas digo não funciono com pressões e que é pena fazerem criticas porque assim não ajudam a dar credibilidade á modalidade. Tenho a consciência tranquila de que escolhi os melhores com honestidade conforme os parâmetros que desejo para a selecção.
VM – Em relação ao mundial, quais as perspectivas?
JQ – Não há grandes surpresas, Portugal, Espanha, Argentina são os candidatos. A Itália talvez esteja mais fraca porque os jogadores de mais carisma e mais valor negaram a representar a sua selecção. Sabemos que uma final deste campeonato do Mundo não será entre Portugal e Espanha, porque só vamos encontrar os espanhóis nas meias-finais. Acredito que vamos fazer um grande mundial

Experiência em Espanha muito positiva

VM – Como correu a experiência Villanova?
JQ - Foi uma experiência que superou todas as expectativas. No comando do Villanova num campeonato muito diferente e competitivo, com um hóquei muito rígido e táctico, consegui ficar na história do clube já que coloquei a equipa nas competições europeias, situação que o clube nunca conseguiu em 32 anos de existência. Vou procurar o melhor na próxima época já que tenho mais um ano de contracto. A direcção do Villanova está muito satisfeita com o meu trabalho
VM – Gostava de ter algum jogador português na sua equipa?
JQ – Quem não gostava. Sei no entanto que as possibilidades do clube são limitadas e por isso vamos pouco a pouco melhor o grupo. Quem sabe num futuro próximo isso possa acontecer.
VM – Se encontrar o Barcelos na Taça Cers?
JQ – Sou profissional de hóquei em patins e se isso acontecer vou defender o meu clube, o Villanova e vou lutar para eliminar o Barcelos.

Tenho muito respeito pelo Óquei de Barcelos



VM – Está magoado com o Óquei?

JQ – Tenho quarenta e quatro anos e trinta de Óquei de Barcelos. Tenho uma vida no Óquei. Não estou magoado com o clube, estou magoado sim com algumas pessoas que neste momento dirigem o Óquei de Barcelos. Toda a gente tem noção do que aconteceu por isso o tempo dirá quem tem razão. No entanto desejo sempre muitas felicidades ao clube. O clube merece muito respeito
VM – Como acompanhou a temporada do Óquei?
JQ – O Óquei habitou as pessoas a lutar por todas as provas que disputava. Venceu com mérito a Supertaça sobre o Porto. A realidade do clube agora é outra em relação a outros anos. Não serve de desculpa algumas situações que penso que foram erradamente feitas no clube. Penso que o nome do Barcelos deviria andar sempre ao mais alto nível.
VM – Considera a classificação final em quarto lugar, justa para o valor do plantel?
JQ – O Barcelos acabou em quatro, o que acho que foi normal com os problemas que passou ao longo da época. Agora temos de ter consciência que o Barcelos tinha jogadores de qualidade, continuava a ter um plantel não digo equilibrado mas com bons jogadores e p que poderia te feito melhor numa ou outra situação. O rendimento da equipa em alguns jogos foi satisfatória, noutros foi um pouco mediano ou até medíocre mas no geral ficar em quarto lugar é pouco dada a qualidade que o grupo. Ficar nos três primeiros era justo. Há que fazer uma análise profunda do que aconteceu esta época, por isso talvez os adeptos se sintam algo desiludidos. A prova foi que o pavilhão nunca esteve tão vazio como esta época



Texto de Miguel Bastos

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