quarta-feira, agosto 17, 2005

JOSÉ FERNANDES CRÍTICO SOBRE OS MOLDES DO MUNDIAL

É ISTO UM CAMPEONATO DO MUNDO?
O técnico José Fernandes, despedido surpreendentemente do Cambra, há poucas semanas, acedeu comentar ao ND o Campeonato do Mundo

“Como é possível que, chegando às meias-finais, um dos eternos candidatos fique já pelo caminho, sem ter defrontado um dos outros dois?”. É desta forma que o técnico José Fernandes questiona mais um Campeonato do Mundo. Para o treinador português – e tendo em conta que Portugal e Espanha se defrontaram na primeira meia-final e um deles ficou pelo caminho, seja qual fôr o resultado, nem sequer chegou a jogar contra outros dois candidatos: Itália e Argentina, que disputam a outra meia-final. Para José Fernandes isso é inadmíssivel. “Antes do jogo entre Portugal e Espanha, a nossa Selecção fez três treinos com Angola, Chile e Macau e um mais duro, com a Suíça. Nada mais. Entretanto, ao perder com Espanha fica fora do título. Isto é um Campeonato do Mundo? Onde estão as dificuldades e a competitividade? Assim é impossível. Os moldes desta prova têm que ser alterados, caso contrário, quem sai prejudicada é a modalidade”, desabafa o «mister», que apesar de ter feito um «brilharete» no Hóquei de Cambra acabou dispensado. Mas as críticas são precedidas de sugestões e claras: “Se se fizesse um Campeonato do Mundo, numa primeira fase, com os carismáticos candidatos mais, por exemplo, a Suíça e a França, tudo seria diferente se se jogasse a duas voltas. Ou então, uma prova entre as quatro melhores equipas, em que todos jogariam contra todos e, no final, a selecção que mais pontos somasse sagrar-se-ia campeã”.

O que faz Macau no Mundial?

E prossegue, sem rodeios: “O que é que uma equipa como Macau faz num Mundial? É um prémio? Mas estes prémios não se podem dar num Campeonato do Mundo”. Ainda a gozar férias e continuando “à espera de alguma convite” para regressar à actividade, José Fernandes destaca, entretanto, pela positiva, “a prestação da Itália”. Uma selecção “nova, sem qualquer rodagem, nem em Mundiais, nem em Europeus” e que tem conseguido “boas prestações”, o que “é muito bom para o hóquei italiano”. Por fim, José Fernandes comenta ainda a desorganização da organização: “Sempre que a organização não está ao cargo de Portugal, Espanha, Itália ou Argentina, há sempre asneiras, porque as pessoas não sabem, nem conhecem. Aliás, estamos num Mundial, nos EUA, e nem se vêem americanos”.

In Norte Desportivo

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