CANDELÁRIA SURPREENDE NA 1.ª DIVISÃO
Candelária é uma pequena freguesia da ilha do Pico, com cerca de 900 habitantes, que dá nome à primeira equipa açoriana a disputar o campeonato nacional da I Divisão: Candelária Sport Clube.
O primeiro treinador do Candelária foi Laurindo Cardoso, que fora também um dos responsáveis pela fundação do clube a 24 de Janeiro de 1990. "O hóquei chegou ao Pico, nos anos 80, através de alguns patins de senhora de patinagem artística provenientes dos Estados Unidos que comprámos na base das Lages. As crianças interessaram-se pela patinagem e consequentemente pelo hóquei. Os atletas da Candelária jogavam nos clubes da ilha – o Madalena, o Boavista de São Mateus e o Ribeirense e, devido à rivalidade que existia entre freguesias, chegámos à conclusão que tínhamos de formar um clube. O entusiasmo dos miúdos da Candelária em jogar na sua freguesia esteve na base da fundação", disse Laurindo Cardoso.
O preço da insularidadeA disputar um campeonato essencialmente continental, o Candelária depara-se com algumas dificuldades pela sua insularidade. "É complicado porque nos dias de jogo não há voos directos para o Pico e perdemos muito tempo em escalas. Atravessar o canal faz parte do nosso quotidiano e para os picarotos é normal. Contudo, os atletas não estão habituados e por vezes ressentem-se", explica Ricardo Dias, presidente do clube.
"As outras dificuldades acabam por ser financeiras e para isso apostamos numa gestão com rigor. O comércio aqui na ilha é relativamente fraco e não temos grandes empresas com capacidade para patrocinar. Os nossos apoios principais são do Governo Regional dos Açores, responsável por 27 por cento do nosso orçamento e a câmara municipal", explica o presidente.
Com um orçamento geral na ordem dos 500 mil euros, Ricardo Dias recorda as dificuldades com que o Candelária se deparou aquando da subida à I Divisão.
"O ano passado foi extremamente difícil porque houve um aumento das despesas e não tivemos um incremento equivalente das receitas mas hoje digo que valeu a pena. Nunca ninguém acreditou que o Candelária chegasse onde chegou. A subida foi calculada mas acabou por ser uma surpresa pelos lugares que temos vindo a ocupar na tabela classificativa (n.d.r. 8.º lugar, à 11ª jornada). O nosso objectivo é a manutenção mas se ficarmos nos seis primeiros seria óptimo", acrescenta o dirigente.
Associação satisfeitaTambém o presidente da Associação de Patinagem do Pico, Paulo Jorge Nunes, tem boas expectativas sobre a participação dos insulares no Nacional da I Divisão."Acompanhei todo o percurso da equipa e foi brilhante. Dos regionais demoraram quatro anos a chegar à I Divisão. Acredito nesta equipa mas para a associação de patinagem já é muito gratificante ter um clube a militar na Divisão principal", referiu o presidente da Associação, Paulo Jorge Nunes.
Pedro Alves colabora
Com apenas 350 associados, o clube tem muito impacto na ilha. "Temos cerca de uma centena de patinadores nas nossas escolas de patinagem – infantis, iniciados, juniores e seniores de praticamente todo o concelho", refere o presidente Ricardo Dias.
Com a chegada ao escalão maior do hóquei em patins nacional, os insulares reforçaram-se com Pedro Alves e Paulo Matos (ex-OC Barcelos). "Vamos continuar a investir em jogadores continentais porque não conseguimos atingir os nossos objectivos só com a prata da casa, mas investimos cada vez mais na formação para que possamos ter sempre jogadores da ilha no nosso plantel. Sempre tivemos muitos miúdos mas a presença de nomes como o Pedro Alves atrai sempre mais pessoas para a modalidade e temos, por exemplo, um ‘spot’ na rádio em que é o próprio Pedro Alves que convida as crianças para virem aprender a patinar. Criamos todas as condições para que as crianças da ilha escolham o hóquei em patins”, refere Ricardo Dias.
Rui Pereira é actualmente guarda-redes da equipa sénior e aprendeu a patinar no Candelária. "Entrei para o hóquei com 16 anos e nunca sonhei alcançar a I Divisão. Tenho muito orgulho em integrar este plantel.”
História curta e de sucessosO Candelária tem uma história curta mas já com alguns sucessos desportivos. Em 2001/02 alcançou o 1.º lugar no campeonato açoriano de seniores, garantindo desta forma a participação no campeonato nacional da 3.ª Divisão. Logo no primeiro ano, conquista a subida à 2.ª, onde se manteve duas épocas. Em 2004/05, os insulares sagram-se vice-campeões nacionais no 2.º escalão e fazem história no desporto açoriano, conquistando o acesso à I Divisão Nacional.
in JORNAL RECORD
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