quarta-feira, julho 13, 2005

Entrevista a Carlos Silva, treinador do HC Braga

“Não estou , nem me identifico com sistemas que existem no hóquei”

Nasceu em Angola mas está radicado em Barcelos desde os 22 anos, Carlos Silva, jogou no Belenenses, Campo de Ourique, Famalicense, Riba d’Ave, Juventude de Viana , Sporting , OC Barcelos, e AD Barcelos
Foi campeão nacional da segunda divisão como treinador pelo Riba d’Ave e este ano pelo HC Braga ,vice campeão da terceira divisão pela Juventude de Viana, para além de presenças quer como jogador e treinador esteve em finais de da taça de Portugal.
Em entrevista ao jornal a Voz do Minho, Carlos Silva, treinador do HC Braga mostra-se orgulhoso pelo seu trabalho, satisfeito pelo Minho ter quatro equipas na primeira divisão mas também critico com algumas situações que se passam no hóquei em patins nacional.


VZ - Esta subida do Braga foi uma aposta pessoal?
Carlos Silva - Foi uma aposta pessoal e também do clube e dos jogadores. Conseguimos atingir o nosso objectivo. Acreditamos no projecto, porque somos uma equipa consistente e unida , com um bom balneário. Foi um final feliz após dois anos de trabalho.

VZ- Foi um risco assumir o Braga após a experiência e a forma como saiu do Riba D’ Ave?
CS- O Riba d’Ave como projecto esgotou-se, com muitos problemas em gerir o plantel. Não tinha mais condições para continuar. Foi uma prova das minhas capacidades com determinados jogadores e ambiente a forma como subi.

VZ- É aclamado como treinador de “subidas”, como reage?
CS - Tento fazer o meu trabalho, sem grandes alaridos e loucuras. Procuro fazer com honestidade o meu percurso no clube. Sei que é mais difícil trabalhar assim para chegar ao topo, mas como não estou ligado aos sistemas que existem no hóquei. Tento devagar chegar lá cima para que posso estar mais tempo e não cair de repente. Trabalho por princípios e não por outras situações.

VZ_ Na próxima época vamos ter quatro equipas minhotas na primeira divisão. Prevê grandes jogos?
CS - O Minho é a associação que está mais representada no nacional. É bom para todos porque garante grandes espectáculos. É uma prova do excelente trabalho que se tem feito no Minho. È sinal que estamos a evoluir e a trabalhar bem, aproveitando as nossas escolas de formação. A própria associação do Minho deve ter o cuidado de tratar todos os clubes de uma forma igual porque não é todos os anos que existem quatro equipas na primeira divisão.

VZ- No entanto é algo critico com a modalidade, porquê?
CS- Sou critico porque acho que estamos a criar uma má imagem da forma como está a ser gerido o hóquei em patins. Uma liga profissional é a solução e criar uma forma diferente da segunda divisão, porque esta acaba sempre muito fora da época desportiva. Temos de evoluir. Se nós pagamos taxas de inscrição altíssimos, os jogadores ganham dinheiro, toda a gente ganha dinheiro, porque não fazemos uma liga profissional? As pessoas querem tudo de uma só vez, querem ter os seus empregos e estar no hóquei para ganhar dinheiro. As pessoas tem que perceber de uma vez por todas que uma liga torna o hóquei em patins mais forte. Estamos preocupados que o Egipto, Israel, a Dinamarca, a Índia tenham equipas de hóquei e não com os nossos problemas. O nosso país tem um riquíssimo número de palmares internacional, tem público e é a altura de nos preocuparmos com os nossos problemas e não com os outros porque connosco ninguém se preocupa. Somos uma potência do hóquei em patins. Há muitos interesses. Devíamos criar uma só segunda divisão e não a forma como existe nesta altura.

VZ- Quanto ao Braga... sabe das dificuldades que uma nova equipa sente na primeira divisão. Quais os objectivos imediatos?
CS- O nosso objectivo é a manutenção. As limitações nesta altura são grandes porque o mercado está completamente resolvido e temos que jogar com o que temos. O grupo vem da segunda divisão mas penso que não é nada inferior a algumas equipas que estão na primeira, antes pelo contrário. Temos um bom balneário que é um factor muito importante para o sucesso de qualquer equipa. Não é por acaso que as equipas que sobem tem muitas dificuldades em ficar.

VZ- Como analisa a actual situação dos clubes de Barcelos? Há espaço para tantos clubes?
CS- O hóquei em patins em Barcelos está a cair bastante. A prova é que o Barcelinhos caiu na terceira, apesar de ter subido este ano, o OC Barcelos está na forma que todos conhecem com muitas dificuldades. Neste momento os clubes não são aliciantes para ninguém devido aos muitos problemas que estão a passar. A melhor forma é os responsáveis transmitirem a real situação dos clubes e procurarem criar raízes para no futuro voltarem a ser novamente grandes. O Óquei de Barcelos já não é o que foi e não sei se nos próximos anos vai conseguir levantar-se. Quando se passam por dificuldades há que assumir.
É pena mas a realidade é assim. Devemos ter ambição quando temos condições para alcançar. O Barcelos para o ano vai ter uma equipa engraçada e como vivo há muitos anos em Barcelos espero que tenha uma boa prestação, tal como aos outros clubes do Minho. Penso que vai ser engraçado um campeonato nacional a quatro entre o Braga, o Barcelos, o Famalicense e a Juventude de Viana.

Texto de Miguel Bastos - Jornal A Voz do Minho

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